Cerest alerta que professores são os mais acometidos por problemas na voz

Pó do giz, tom elevado de voz e o estresse estão entre os principais fatores de risco

Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) apontam que, de janeiro de 2013 até março deste ano, 748 alagoanos foram afetados por algum distúrbio na voz. Deste total, 90% são professores no exercício de sua função, segundo aponta o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), que durante esta semana faz um alerta sobre a importância de cuidar da voz.

Por esta razão, fonoaudiólogos do Cerest Estadual estão percorrendo escolas públicas e privadas de Maceió para orientar os professores sobre os cuidados com a voz. Durante as visitas, eles realizam oficinas com os professores sobre temas como o bem-estar e a produção vocal, além de mostrar os benefícios e os prejuízos de utilizar a voz, assim como, o aquecimento e desaquecimento da voz.

“Também evidenciamos a importância de beber água, porque hidrata a laringe e, dessa maneira, diminui os riscos de lesão nas cordas vocais. Outra aliada da voz é a maçã, que tem ação adstringente e ajuda a limpar a boca e a faringe, melhorando a ressonância da voz e facilitando sua projeção. Até mesmo o movimento de mastigar a fruta já ajuda a soltar a musculatura que produz a voz. Outra dica é, em um ambiente barulhento, falar mais perto do ouvido da pessoa para evitar o esforço maior da voz”, recomendou a fonoaudióloga do Cerest Estadual, Rayné Melo.

Segundo a fonoaudióloga, os professores são os mais acometidos por algum distúrbio da voz, uma vez que as doenças estão ligadas ao abuso e ao mau uso vocal. “Isso ocorre, porque, na maioria das vezes, não existe no profissional de ensino um conhecimento do funcionamento de sua própria voz, bem como, procedimentos necessários a serem adotados para se conseguir uma saúde vocal proficiente”, destacou.

Para Rayné Melo, a acústica ruim da sala de aula, o pó do giz, as caneta coloridas para quadro, o tom elevado de voz, o estresse causado pela longa jornada de trabalho e o baixo salário, contribuem ainda mais para a decorrência dos problemas vocais, podendo ameaçar o rendimento profissional, assim como a longevidade da carreira. “Nenhum curso prepara o professor para os cuidados vocais. Eles se formam sem entender que são profissionais da voz e que precisam ter atenção com seu instrumento de trabalho”, alertou.

A fonoaudióloga afirmou que é preciso se prevenir, tomando pequenos goles de água ao longo da aula, e ficar atento aos primeiros sinais, procurando ajuda em serviços especializados. Em período de descanso, aos finais de semana ou mesmo nas férias, os professores devem cuidar da voz, diminuindo o volume quando possível e mantendo o hábito de beber água. “O ideal é prevenção e informação para que o caso não se agrave”, frisou Rayné Melo.

Prevenção só requer hábitos bem simples – Carla Patrícia é professora de língua portuguesa há duas décadas. Ela dá aulas para crianças do Ensino Fundamental e sempre tenta manter o tom médio da voz para não prejudicar seu instrumento mais poderoso. “Desde que eu comecei a ensinar, não me lembro de ter tido uma rouquidão. Procuro beber muita água, comer maçã todos os dias e não falar alto”, comenta.

 Ascom Sesau