Comitê Olímpico Brasileiro se defende de denúncias em audiência na Câmara

Deputado critica esvaziamento do conselho de ética da entidade

Em audiência realizada nesta quarta-feira (18) na Comissão do Esporte da Câmara, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Paulo Wanderley Teixeira, defendeu sua gestão diante de uma série de denúncias que estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal.

A acusação envolve supostas fraudes em dois processos de licitação de serviços de tecnologia da informação, no valor de R$ 1,2 milhão. Parte desses recursos seriam públicos, vindos da arrecadação das loterias e assegurados pela Lei Agnelo/Piva.

As denúncias constam de relatório da empresa norte-americana Kroll, especializada em investigações privadas e contratada pelo próprio COB. A investigação do Ministério Público corre em caráter confidencial. Paulo Wanderley Teixeira é ex-judoca e está à frente do COB desde outubro de 2017, quando substituiu Carlos Arthur Nuzman, que chegou a ser preso sob a acusação de compra de votos para o Rio de Janeiro sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Teixeira rebateu as novas acusações.

“Eu não iria e não irei jogar a minha carreira de desportista no lixo. Se eu não consertar é porque não deu, mas eu tenho a intenção de consertar e os resultados estão provando isso. Austeridade, meritocracia e transparência: desafio alguém a dizer que eu não estou cumprindo isso”, disse.

Irregularidades

A audiência pública foi pedida pelo deputado Luiz Lima (PSL-RJ), que apresentou outras reclamações quanto à gestão de Paulo Wanderley Teixeira, encaminhadas por outros integrantes do COB.

“Também recebi mensagens de membros do conselho de ética. Sinto que eles estão muito chateados com a falta de comunicação e de não terem sido consultados. Eles falam aqui que houve um retrocesso em relação aos órgãos de compliance e que se esvaziou o comitê de conformidade e os poderes do conselho de ética. E eu vou deixar registrado aqui também que a comissão de atletas lhe entregou uma nota pública com várias perguntas sobre a proposta de mudança no estatuto”, observou Lima.

Também haveria irregularidades na gestão do laboratório olímpico, que serve de estrutura científica para os atletas em busca de melhora de performance. Teixeira também teve de explicar a nomeação do ex-judoca Rogério Sampaio para o cargo de diretor geral do COB. Sampaio teria deixado a secretaria nacional de alto rendimento do antigo Ministério do Esporte, em abril de 2018, e assumido o novo cargo sem cumprir a quarentena legal de seis meses. Porém, Paulo Wanderley garantiu que a nomeação de Sampaio seguiu os ritos normais.

“Eu me cerquei de gente com capacidade. Tirei o Rogério. Tirei mesmo. Eu disse: ‘Rogério, o dia em que você sair do ministério, você vai vir para o comitê olímpico’. E ele fez o processo normal. Um negócio (denúncia) desse é uma calúnia. Ele veio de forma limpa e tranquila. Ele se desincompatibilizou, teve a anuência do comitê de ética da presidência (da República), cumpriu tudo o que tinha de cumprir e pronto”, disse o presidente do COB.

Apoio do COI

Além de Rogério Sampaio, Paulo Wanderley fez questão de levar à audiência na Câmara seus diretores jurídico (Luciano Hostins), administrativo-financeiro (Isabele Duran) e de esportes (Jorge Bichara). Atual integrante do Comitê Olímpico Internacional (COI), o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman também manifestou apoio à atual gestão do COB.

Paulo Wanderley afirmou que não tem “apego ao cargo” e anunciou que a próxima eleição na entidade está prevista para 25 de novembro de 2020. A atual diretoria também relembrou o recente recorde de medalhas do Brasil nos Jogos Panamericanos de Lima e projeta bom desempenho dos atletas brasileiros nas Olimpíadas do Japão.

Agência Câmara Notícias