Número de infrações cresce após suspensão da fiscalização eletrônica

Com a determinação judicial de desligamento da fiscalização eletrônica, a Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito deixou de emitir multas para as infrações de trânsito registradas pelos equipamentos usados para evitar acidentes desde o último dia 19 de dezembro.

Apenas para levantamento estatístico e estudos de caso, foram recolhidos dados de infrações cometidas após o desligamento da fiscalização eletrônica e o aumento do número de infrações ligados a excesso de velocidade e avanço do sinal vermelho chamou a atenção do órgão fiscalizador.

No dia 18 de dezembro de 2017, um dia antes de os equipamentos serem desligados, foram registradas 1.010 infrações de trânsito nos pontos de fiscalização eletrônica. No dia seguinte, o número já obteve um aumento de 806 infrações, resultando em 1.816 infrações no dia 19 de dezembro.

Porém, os números de infrações registradas pelos equipamentos para fins de estatística e sem gerar multas nos dias 24 e 25 de dezembro, respectivamente, foram 8.875 e 8.619, oito vezes maior do que os dados colhidos durante o funcionamento da fiscalização eletrônica, um dia antes do desligamento.

Acidentes

Já o número de acidentes de trânsito em Maceió também teve um considerável aumento após o desligamento dos equipamentos de fiscalização eletrônica. No período entre 21 e 25 de dezembro, a quantidade de acidentes foi de 57, um aumento de 148%, mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado – de 21 a 25 de dezembro -, quando foram registrados 25 acidentes de trânsito.

“Não podemos afirmar com precisão que o aumento de acidentes neste período se deve ao desligamento da fiscalização eletrônica. Porém, é importante lembrar que o excesso de velocidade ainda lidera as listas de causas de acidentes fatais e também está entre os motivos causadores de acidentes mais leves juntamente com a falta de atenção dos condutores e o desrespeito à sinalização”, afirma o chefe da Divisão de Levantamento de Acidentes de Trânsito e Estatísticas, Carlos Moura.

Segundo estudos, a chance de sobrevivência do condutor que se envolve em um acidente de trânsito onde a velocidade está acima de 70km/h é apenas de 15%. E das mais de 130 mil infrações registradas pela fiscalização eletrônica até outubro deste ano, o excesso de velocidade corresponde a mais de 70% do total das infrações.

Especialistas defendem fiscalização eletrônica como forma de salvar vidas

Para o integrante da 1ª Turma de Observadores Certificados do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) e da Associação Brasileira de Profissionais de Trânsito (ABPTRAN), tenente-coronel Ordeli Gomes, o registro eletrônico das infrações não é feito para punir motoristas quem dirige corretamente, respeitando as leis de trânsito, mas para coibir a conduta irresponsável ao volante.

“A fiscalização é mais um passo na segurança e saúde do trânsito, pois diminui os riscos de lesões e mortes e só são punidos aqueles condutores que cometem as irregularidades. Os que seguem o limite nunca passarão por problemas. É um bem para toda a sociedade”, explica o tenente-coronel.

Josimar Campos, especialista em Educação e Segurança no Trânsito e professor de Legislação de Trânsito, afirma que a fiscalização eletrônica pode refletir diretamente no hábito da população no trânsito, gerando reflexos positivos e um benefício coletivo.

“A fiscalização eletrônica leva as pessoas a mudarem de hábito, a praticar uma direção mais segura, mais defensiva, gerando valor à vida do condutor e de todas as pessoas que se utilizam do trânsito que, afinal de contas, é um espaço coletivo e deve ter limites para que haja uma convivência harmoniosa”, pondera o especialista.

Ascom SMTT